Parte 3, finalmente chegou!

Capítulo 3 - Explicações.

Já havia dois dias desde que aquelas coisas estranhas aconteceram. Eu queria que tivesse sido um sonho, mas fora real. Tinha trazido Fábio com um simples pensamento e, apesar de isso já ter sido estranho, ainda tive que reencontrá-lo.
Você pode estar pensando: o que houve de tão ruim? Eu não queria voltar aquele dia, duas semanas atrás, no começo de Dezembro. Hoje já era dia 29. Minha mãe ainda estava no hospital e meu pai tinha saído prestar serviço em outra cidade. Bianca tinha viajado com a família, então fui para a casa de minha avó.
Vó Dina era uma grande amiga minha. Adora ir para sua casa, principalmente na primavera, onde as flores surgiam em cada canto de seu longo jardim. Mesmo no inverno, como agora, arrumávamos algo para fazer. Geralmente, sentávamos em baixo de uma coberta, tomando chocolate-quente. Assistíamos um filme divertido ou apenas conversávamos.
Já hoje, devido as circunstâncias, fiquei afastada, e minha avó logo percebeu. Ela tinha um senso de noção incrível.
--- Lia, gostaria de compartilhar o que a aborrece?
Eu a olhei. Claro que gostaria, mas não conseguia falar direito. Mais uma vez, ela pareceu entender.
--- Estou indo para o mercado. Mas vou te dar um presente. --- Ela me entregou um pequeno caderno. Tinha uma capa meio amarelada pelo tempo, com as letras cursivas: Diário.
Ok, eu já era um pouco grande para isso.
--- Hum, obrigada, vó.
--- Eu o usava quando era criança, sempre quando não queria falar com ninguém. Bom, essa é minha dica.
E saiu, assim como sempre faz.
Eu acreditei na minha avó, como sempre faço.
Olhei para o Diário. As páginas que minha vó usou foram arrancadas; provavelmente por ela mesmo, guardando-as com mais segurança. Achei uma caneta e pensei como começar. Talvez pelo dia em que tudo aquilo aconteceu.

10/12

Hoje tive um encontro marcado com o Fabi. Íamos na mesma sorveteria de sempre. E foi um completo desastre.
Como você ainda não me conhece direito, er, diário, vou te explicar. Tudo não aconteceu em um só dia. Estava acontecendo de pouquinho em pouquinho.

Primeiro: Tenho um amigo, que o Fabi tem um pouco de ciúmes. Mas para mim sou apenas amiga. Desde a 3ª série gosto do Fabi e agora estou na 8ª.
Segundo: Meu amigo sempre gostou de mim, então dá para imaginar a confusão, né?
E, terceiro, para piorar minha vida: Fabi e meu amigo eram irmãos, e isso eles não eram lá de se darem muito bem.

Está certo que meu amigo, o Joe, sabia que eu namorava o irmão dele e tinha dificuldades em aceitar nossa apenas amizade. Então, para não deixá-lo triste, eu combinava de fazer algumas coisas com ele, apenas amigos. Como eles eram irmãos, eles adoravam a mesma lanchonete. Eu combinei sexta com o Fabi, (10/12), e segunda com o Joe (13/12) E eu, a burra aqui, estava com a cabeça nas nunvens e falei sexta-feira para os dois. Um grande besteira.

Foi para lá de bike, a neve ainda não estava tão pesada. Fábio já estava me esperando. Ele sempre chegava antes. Conversamos e pedimos nosso milk-shake de sempre. E tudo ficou realmente mal quando ele pediu liçença para ir ao banheiro. Ao contrário do irmão, Joe era sempre atrasado. Ele chegou - sentando na cadeira de Fábio - e já pedindo desculpas. Primeiro não entendi porque ele tinha vindo antes e só depois percebi a besteira que tinha feito.
Bem naquele dia ele tinha que se declarar.

--- Olha Joe, desculpe, mas você sabe que eu namoro seu irmão e ele... - Eu tentei argumentar, mas ele me interrompeu.

--- Ele não está aqui, Lia, e só será uma vez.

Depois já deu para entender. Antes que pudesse reagir, ele já tinha me beijado.
A última coisa que vi foi Fábio ter batido a porta da lanchonete com força, sobressaltando à todos ao redor.
Olhei para a cara de Joe; ele parecia ter entendido a besteira que ele fez.
Podia ter falado qualquer coisa para Joe, porém apenas a minha cara fez o perceber. Ele tentou falara algo, mas eu estava preocupada com Fábio. Saí dali na mesma hora e peguei minha bike, rodando por horas a procura dele. Ele era ssim, surgia e sumia em um piscar de olhos.
O pior de tudo isso, era que Fábio já tinha passado por isso uma vez, com sua antiga namorada (não gosto de falar sobre ela) e com um amigo dele. Agora devia estar pensando a a mesma coisa.

Eu poderia ter continuado a escrever, mas de repente tive um pressentimento. Eu sabia que Fábio estava na frente de casa de minha avó. Corri para a janela: ele não estava lá. Porém, eu estava certa. Minutos depois, Fábio apareceu na frente da cerca, pressionando a campainha.
Olhei para ele. Parecia normal e feliz, mas com um livro na mão. Apesar de estar bem longe, consegui ler o título: Coisas sobrenaturais que podem acontecer com nosso cérebro.
Eu estava ficando estranha. Trouxe Fábio com um pensamento, pressenti que ele estava aqui mesmo antes de chegar e li um texto de longe. O que estava acontecendo comigo?
E agora tinha algo mais estranho: Fábio tinha vindo até o fim da cidade para falar comigo, mesmo após um grande desentendimento, e ainda com um livro como se quisesse me curar de alguma coisa.